Felipe Tadewald
@felipetd
Especialista em investimentos da Suno Research.
Sem dúvidas. Eu até meados de 2013, com cerca de 23-24 anos, possuía apenas ações. Quando descobri os FIIs, acabei me apaixonando. Pode parecer que eles não entregam retornos atrativos, e são apenas recomendados para quem já está aposentado ou quer se aposentar agora, mas isso é uma visão equivocada. Os fundos imobiliários entregam ótimos retornos sim, e inclusive, na média, acima das ações.
Sugiro a leitura desse texto, onde abordo este tema:
Sem dúvidas vale a pena. Eu mesmo comecei investindo sempre no fracionário, e até hoje compro, quando necessário.
Hoje, com as corretoras cada vez mais oferecendo custos pequenos de corretagem, investir no fracionário com aportes menores, se tornou plenamente viável.
Apenas tenha em mente que o mercado fracionário é menos líquido, e por isso, é possível que as ordens disponíveis de venda estejam bem acima do valor de mercado. Sugiro, assim, que tenha paciência. Coloque uma ordem próxima do valor do mercado padrão, e deixe lá. Logo será executada.
Geralmente você percebe um valor muito elevado, fora da média histórica, quando a empresa realizou pagamentos extraordinários e não recorrentes. Um exemplo? Unipar. Ano passado a empresa pagou um dividendo muito elevado, referente aos seus lucros acumulados de anos anteriores. Se olharmos no gráfico do fundamentus, por exemplo, conseguimos perceber que aqueles dividendos estão totalmente acima dos padrões da empresa.
Uma outra forma de avaliar é analisando a geração de caixa operacional da empresa ou o LPA. Quando os dividendos por ação estão muito acima do LPA, que é o lucro por ação, ou simplesmente os valores pagos estão muito acima da geração de caixa da empresa, é possível que tenham ocorrido eventos não recorrentes.
Desconfie se você perceber uma empresa que pagou um dividendo muito elevado e fora dos padrões repentinamente, ou está com um yield muito elevado, pois é muito provável que os dividendos tenham sido não recorrentes. Geralmente você consegue essas informações nos próprios releases das empresas.
Eu gosto de trabalhar com um mínimo similar ao exigido do Bazin, de 6%, mas ultimamente tenho buscado empresas e fiis que me paguem mais de 7% ou 8%.
Olá Rafael. Uma das principais dificuldades que tive, especialmente no começo, era a de me habituar com as quedas do mercado, que assustavam e me deixavam inquieto no início. Com o tempo, passando a visar mais os dividendos, e as operações da empresa, deixando de lado as oscilações do mercado, fui aos poucos me desapegando disso, e passei a ter como principal foco elevar a renda passiva, todos os anos.
Outra dificuldade que tive, também no início, era à paciência. Algumas vezes eu me encontrava ansioso e desestimulado, por ver dividendos tão pequenos caindo na conta, que por vezes não pagavam nem um cafézinho. Eu queria dividendos maiores, mas sabia que isso tudo demorava, e às vezes isso me desestimulava, é verdade. Porém, eu não deixei a impaciência me desestimular muito e continuei em meu caminho. A cada mês que eu conseguia realizar um aporte e reinvestir dividendos, acumulando mais ativos, por menores que fossem, era um passo importante que eu dava à independência financeira.
Olá Anselmo. Eu dou dois conselhos principais para quem está querendo investir para visar dividendos:
O primeiro: Estude sobre ou conheça pessoas que conseguiram chegar lá. Tente entender e se inspirar em como essas pessoas viam o mercado e como conseguiram atingir seus objetivos. Uma boa opção é começar lendo as cartas do Barsi, publicadas por nós, pela Suno Research, onde você conseguirá entender um pouco da estratégia dele e de tudo que ele fez para chegar aonde chegou. Eu também recomendo a leitura da crônica escrita pelo Paulo Portinho, chamada de “16 anos investindo na bolsa”, e você pode ler ela aqui: https://blogdoportinho.files.wordpress.com/2012/09/a-histc3b3ria-de-arnaldo.pdf
O segundo, e não menos importante conselho que dou é: Tenha paciência. O caminho não é rápido e é longo. Os dividendos no começo serão pequenos, mas tenha calma, pois eles vão crescer e crescer cada vez mais, conforme você aporte e reinvista os dividendos e os resultados virão no longo prazo.
Assim como plantar uma árvore frutífera para colher seus frutos não é rápido, exige dedicação e tempo, o mesmo é com os dividendos. A sua “árvore de dividendos”, que é formada por inúmeros ativos, deve ser sempre regada, cuidada, podada, e caso você cuide bem dela, um dia ela cuidará de você, com os seus ótimos frutos que poderão ser colhidos.
Eu gosto mais de fundo DI com liquidez diária, justamente para poder resgatar e comprar fiis e ações a qualquer momento. Sobre capital inicial para começar, hoje, com corretoras oferecendo corretagem de fundos imobiliários gratuitas, e de ações muito baratas, com R$ 100-200 você já pode começar.
Eu sugiro que você comece o quanto antes, pois é essa experiência inicial e o contato com o mercado que dará a você a experiência necessária para seguir seu caminho , se acostumando com a volatilidade, e ajudará a enraizar o hábito de economizar e investir todos os meses.
No começo, eu tinha sempre esta mesma dúvida que você, Marcos. No início, eu recebia dividendos que às vezes estavam na casa dos centavos, e que eram inviáveis de serem reinvestidos.
No entanto, o recomendável é que você deixe esse valor na conta, e conforme você realize um novo aporte, você junta o aporte com os dividendos, por menores que sejam, e reinvista “tudo junto”. Com o tempo, os seus dividendos vão crescendo e chegará em um momento que você conseguirá “reinvestir integralmente” com apenas eles, caso queira, sem a necessidade de somar ao seu aporte.
Em torno de R$ 750 mil a R$ 800 mil para receber essa renda hoje. Pode parecer algo inviável de se acumular, não é? Para a grande maioria, sem dúvidas é. Porém, é importante lembrar que as fortunas são criadas na bolsa de valores ao longo do tempo, através dos aportes mensais, da valorização das ações e dos reinvestimentos de dividendos.
Conforme o tempo passa, seu patrimônio vai crescendo e sua renda de dividendos também, e em algum momento, caso mantenhaa disciplina, você atingirá essa cifra, ou até mais, sendo que você provavelmente terá desembolsado muito menos que isso.
Caso você já possua recursos suficientes para gerar essa renda, eu avalio que a melhor estratégia é “parcelar” os aportes com esses recursos, justamente para diluir o risco de se comprar em um momento caro.
Eu avalio que além das ações, é essencial que você possua fundos imobiliários. Eu não tenho dúvidas de que os fundos imobiliários auxiliam e muito o investidor a obter a renda passiva que deseja, isso porquê possuem um payout muito elevado e dividend yield acima da média.
De qualquer forma, sobre as empresas, sugiro que você sempre avalie a saúde financeira da empresa, os níveis de endividamento, a capacidade de geração de caixa, e a estratégia de investimentos e alocação de capital da empresa. Caso tenha dúvidas, não hesite em ligar para a empresa e falar com o RI, para esclarecer quaisquer dúvidas. Eu sempre fiz isso e faço até hoje quando não me sinto confortável com algo.
Ademais, também é importante pagar um preço atrativo. De nada adianta comprar empresas boas, esperando receber dividendos, mas que estão bastante caras e sem margem de segurança.
Eu prefiro sempre a estratégia de aportes mensais e regulares, juntando esses aportes com os dividendos recebidos no mês. Como possuo boa posição em fundos imobiliários e em ações pagadoras de dividendos, eu recebo dividendos com muita frequência, e quase sempre tenho recursos disponíveis para aportar.
Por outro lado, acredito que fazer uma reserva para oportunidades e quedas mais acentuadas também faz total sentido, justamente para “fechar a boca do jacaré” com estes recursos, quando quedas e crises surgem.
Algumas características importantes que todo investidor deve buscar em empresas pagadoras de dividendos:
- Forte geração de caixa
- Margens acima da média
- Histórico de Payout estável e acima da média
- ROE elevado
- Endividamento controlado
- Setor de atuação consolidado e perene
- Valuation atrativo (Que se reflete em um DY interessante também), afinal, de nada adianta pagar caro
- Baixa ou moderada necessidade de capex
- Gestão comprometida
- Histórico de pagamento de dividendos sólido
- Histórico de boa lucratividade e estabilidade nos números
Sobre vender ação focada em dividendos, eu avalio que seja importante pensar na venda quando os fundamentos estão se deteriorando. Por exemplo, caso a empresa se endivide muito, perca muito marketshare, faça investimentos muito ruins (exemplo da Eternit), entre outros fatores, como por exemplo, caso a empresa fique extremamente cara, e existam oportunidades muito melhores disponíveis.
Há alguns pontos interessantes a serem considerados frente à sua pergunta.
Por exemplo, geralmente, empresas que pagam bons dividendos são grandes geradoras de caixa e são empresas sólidas, com um endividamento controlado, e isso por si só só, garante a essas empresas uma boa resiliência no longo prazo, em termos de rentabilidade e conferem a elas uma menor volatilidade, em períodos de crise, por exemplo, quando outras companhias acabam se desvalorizando muito.
Um outro ponto é que várias das empresas boas pagadoras de dividendos não necessitam de muito capital para crescerem, e estão inseridas em negócios subpenetrados, que crescem naturalmente acima do PIB e sem necessitarem de grandes alocações de capital. Além disso, empresas muito focadas em crescimento, possuem um endividamento muito alto, o que acaba pesando bastante para elas, e até comprometendo a saúde financeira, sem falar que muitos dos investimentos realizados por essas empresas, como aquisições, nem sempre apresentam o desempenho esperado, e não se configuram como uma boa alocação de capital, trazendo retornos negativos.
Por fim, o efeito do reinvestimento de dividendos , possibilitado principalmente por empresas pagadoras de dividendos,é muito positivo no longo prazo, e garante um retorno robusto, permitindo o efeito dos juros compostos sobre o patrimônio do investidor, algo que não é observado em empresas que não distribuem muitos proventos aos acionistas.
Geralmente, os melhores momentos para se investir em fundos imobiliários são em períodos de alta dos juros, quando os FIIs geralmente estão mais baratos, e oferecem yields mais elevados, justamente para terem um maior “alinhamento” com o CDI.
Porém, isso não quer dizer que eu recomende o investidor esperar os juros subirem para comprar FIIs, não mesmo. Hoje, por exemplo, existem inúmeras opções em fundos imobiliários, especialmente nos FIIs de papéis, que possuem recebíveis indexados à inflação e ao CDI, e estão com preços bastante atrativos.
Esses fundos, os de papel, ao contrário dos fundos de tijolo, tendem a se valorizar quando os juros subirem, visto que parte de suas carteiras são indexadas ao CDI. Além disso, com a inflação acelerando, esses fundos devem pagar mais dividendos, o que deve possibilitar também uma valorização acima da média.
Como sempre existem boas oportunidades no mercado de renda variável, seja em ações e fiis, ou outro ativos como BDRs e FIPs, eu entendo que hoje sempre será o melhor momento para investir. Hoje mesmo, neste exato momento, eu vejo no meu homebroker inúmeros ativos que estão em preços bastante atrativos e são merecedores de um reinvestimento de dividendos ou aporte.
Inclusive, os dividendos que eu recebi de Taesa hoje, eu já reinvesti, na compra de fundos imobiliários, e os próximos dividendos que eu receber, eu não tenho dúvidas de que serão direcionados para outras boas oportunidades que existirão naquele momento.
Por isso eu acho importante o investidor não criar essa visão antagônica de que deve apenas investir em ações, ou apenas em FIIs. Olhando para os dois, o investidor sempre terá uma variedade enorme de opções de ativos para serem comprados e dificilmente vai acabar concentrando demais a carteira em apenas um ou dois ativos.