Felipe Tadewald
@felipetd
Especialista em investimentos da Suno Research.
E por que não os dois? Na média, os fiis entregam retornos até maiores que as ações, com elevados dividendos, além de apresentarem uma volatilidade menor. As ações naturalmente apresentam uma maior complexidade e riscos um pouco mais elevados, pagam menos dividendos em geral, mas por outro lado apresentam um potencial de valorização maior.
A melhor opção, ao meu ver, é ter ambos ativos em carteira. Os dois se complementam, e não se excluem.
Há alguns pontos interessantes a serem considerados frente à sua pergunta.
Por exemplo, geralmente, empresas que pagam bons dividendos são grandes geradoras de caixa e são empresas sólidas, com um endividamento controlado, e isso por si só só, garante a essas empresas uma boa resiliência no longo prazo, em termos de rentabilidade e conferem a elas uma menor volatilidade, em períodos de crise, por exemplo, quando outras companhias acabam se desvalorizando muito.
Um outro ponto é que várias das empresas boas pagadoras de dividendos não necessitam de muito capital para crescerem, e estão inseridas em negócios subpenetrados, que crescem naturalmente acima do PIB e sem necessitarem de grandes alocações de capital. Além disso, empresas muito focadas em crescimento, possuem um endividamento muito alto, o que acaba pesando bastante para elas, e até comprometendo a saúde financeira, sem falar que muitos dos investimentos realizados por essas empresas, como aquisições, nem sempre apresentam o desempenho esperado, e não se configuram como uma boa alocação de capital, trazendo retornos negativos.
Ou seja, não é porquê a empresa está retendo caixa para investir, que ela entregará mais retorno que uma empresa de dividendos. Lembre-se que os investimentos podem nem sempre dar certo, e naturalmente exigem muitas despesas, com contratação de novos funcionários, despesas e custos ligados a novas estruturas, etc.
Por fim, o efeito do reinvestimento de dividendos , possibilitado principalmente por empresas pagadoras de dividendos,é muito positivo no longo prazo, e garante um retorno robusto, permitindo o efeito dos juros compostos sobre o patrimônio do investidor, algo que não é observado em empresas que não distribuem muitos proventos aos acionistas.
Depende muito do seu perfil. Eu avalio que existe espaço para ambos os perfis de empresas na carteira de todo investidor, mas se você é um investidor que gosta bastante do “pingado” dos dividendos, então ter uma exposição maior a esses ativos faz sentido, até para ter uma menor volatilidade na sua carteira, visto que ativos que pagam dividendos geralmente apresentam menor volatilidade.
E não esqueça também dos fundos imobiliários, imprescindíveis para qualquer investidor.
Eu não tenho a menor dúvida de que os dividendos compensam. O efeito do reinvestimento dos dividendos, por exemplo, é extremamente forte e benéfico sobre a rentabilidade dos investimentos em ações no longo prazo.
Recomendo essa leitura, para melhor compreensão: https://www.suno.com.br/dividendos/
Ademais, no caso do Itaú, é bom ter em mente que além desses pagamentos minúsculos mensais, ele também realiza outros pagamentos bem maiores ao longo do ano, o que eleva drasticamente o retorno via dividendos. Um outro ponto é que os dividendos crescem, ao contrário dos juros da renda fixa, que se você resgatar, eles ficam estáveis e dependentes das oscilações das taxas de juros.
Não. Ao meu ver, o ideal é sempre reinvestir na melhor oportunidade do momento, seja ela em FIIs ou em ações. Não há necessidade de se investir no mesmo papel, até porquê esse papel pode não estar barato no momento.
Realmente, para quem está iniciando, pode ser bastante complicado entender tudo isso. Ao meu ver, alguns passos simples e básicos que ajudam o investidor a escolher boas pagadoras de dividendos são:
- Analisar o dividend yield da empresa e optar pelas que apresentam dividend yield atrativos e recorrentes (sempre desconsiderar eventos não recorrentes)
- Avaliar o histórico de dividendos da empresa, e analisar se ele é consistente
- Avaliar o histórico de lucratividade da companhia
- Avaliar sua geração de caixa. Empresas que pagam dividendos saudáveis, precisam gerar bastante caixa.
- Preferir empresas inseridas em segmentos perenes e de grande recorrência, como energia elétrica, seguros, saneamento, bancário, etc
- Sempre avaliar o endividamento da empresa e evitar empresas muito endividadas (Dívida líquida/Ebitda >3,5/4)
- Optar por empresas de margens acima da média
- Preferir empresas de ROE alto
Todos esses dados você consegue nos releases das empresas e até em sites como o fundamentus. Qualquer dúvida que tenha, sinta-se à vontade para nos procurar.
Eu avalio que seja sim uma boa estrutura de carteira, mas eu adicionaria mais ativos de tijolo. Hoje eles não estão com preços muito atrativos? Ok. Mas futuramente, considere elevar a exposição em tijolos, especialmente no momento que você pretende começar a usufruir dos dividendos.
Eu sugiro que você também tenha ações na sua carteira. Existem muitas ações que pagam ótimos dividendos.
Obrigado pela sugestão André. Sem dúvidas é algo que pretendemos fazer sim. Aguarde!
Não, infelizmente não. A jornada para viver de dividendos é geralmente bastante longa e exige bastante paciência, e persistência. Os atalhos oferecidos, são bastante perigosos e não acho conveniente seguí-los.
Para investir R$ 600 mensais e obter uma renda de R$ 5 mil em valores de hoje, ou seja, líquido de inflação, serão necessários pouco mais de 28 anos de investimentos, considerando um retorno real em torno de 8% ao ano (livre de inflação) e um yield, ao final do período, de 8%, o que pode ou não ser viável, também.
Parece muito demorado e desmotivador? Pois pense que hoje, mais de 2/3 dos aposentados recebem até 2 salários mínimos apenas, e se aposentam em média, por volta dos 60-65 anos.
Além disso, você, conforme tenha um crescimento profissional, pode acelerar esse caminho, aportando mais e economizando mais, o que sem dúvidas fará você atingir seus objetivos bem antes.
Em torno de R$ 350 mil, aproximadamente. Vale lembrar que os fundos imobiliários ajudam bastante a reduzir essa necessidade de capital, visto que possuem dividend yields, na média, maiores. Além disso, caso você queira uma renda maior, ou um menor capital exigido, eu sugiro que busque ter uma exposição mais elevadas às empresas de yields maiores.
Michael, assim como respondi na última pergunta, eu ainda estou, assim como a maioria aqui, na busca da independência financeira. Hoje, fruto de minha disciplina de investir e capacidade de poupar, eu já conseguiria pagar cerca de 80% das minhas despesas com os dividendos e rendimentos, mas ainda não atingi a independência financeira plena, assim por dizer.
De qualquer forma, eu sempre tentei destinar cerca de pelo menos 50% dos meus ganhos para os investimentos, e atualmente, tento destinar até mais, como forma de acelerar esse processo. Em períodos de queda da bolsa, o ideal ao meu ver é que o investidor tente economizar o máximo possível, e em períodos em que está tudo caro, aí é o momento que acho que pode ser ideal para reduzir um pouco os aportes.
Olá Raul. Eu ainda, infelizmente, não vivo exclusivamente de dividendos. Atualmente meus dividendos e rendimentos são utilizados integralmente para reinvestir em novas oportunidades, como ações, fiis, todos os meses.
No entanto, atualmente, com meus dividendos, eu já conseguiria pagar cerca de 70 %a 80% das minhas despesas fixas. Para chegar neste patamar, eu precisei de cerca de 8 anos e meio, aproximadamente e também tem que levar em conta que eu não tenho um padrão de vida elevado. Caso tivesse, seria necessário bem mais, sem dúvidas. Isso deve ser avaliado por cada pessoa e cada situação específica.
Vale lembrar que eu tenho 28 anos, e não tenho intenção de parar de trabalhar e mesmo que consiga em breve a renda suficiente para pagar todas minhas despesas, não pretendo parar. É apenas uma meta simbólica, e que é claro, me dará muito mais conforto e ânimo para seguir em frente.
Eu não acho que elas devem ser prioridade para quem busca viver de renda, mas sim, eu avalio que toda carteira, mesmo as de renda, tem espaço para BDR’s. É uma forma de receber dividendos provenientes de uma moeda forte. Estude também a possibilidade de investir em empresas exportadoras.
Eu sugiro que você trabalhe com uma estimativa de yield de 7,5% a 8%, que é um yield razoável para uma carteira diversificada que possui ações, e fiis, focados em bons dividendos.
Para calcular os aportes necessários e a rentabilidade, é ideal utilizar uma calculadora de juros compostos. Existem várias aí na internet. Lembre-se de trabalhar com taxas de juros reais, justamente para não mascarar o efeito da inflação. Qual taxa de juro real eu recomendaria? Em torno de 7 a 8% reais, já levando em conta o reinvestimento de dividendos.
Hoje, caso você queira essa renda imediatamente, algo em torno de R$ 2,8 a R$ 3 milhões, investidos majoritariamente em FIIs e Ações. Se investir em renda fixa, além de não conseguir obter este valor, o seu rendimento será apenas nominal, e caso utilize todo ele para seu sustento, seu patrimônio estará sendo corroído pela inflação no longo prazo.
Esse valor, é um valor expressivo e parece ser inalcançável, para muitos, sem dúvidas, mas devemos sempre lembrar que as fortunas são criadas no longo prazo na bolsa de valores. Com a disciplina dos aportes, reinvestimentos de dividendos e a própria valorização da carteira, é possível chegar lá. Não é rápido, é verdade, mas é possível. Para quem está começando, é possível que a jornada dure algumas décadas, provavelmente. Talvez mais de 3.
Sobre os percentuais de alocações, eu, dentro do meu perfil, teria em torno de 40% em ações e o restante em fundos imobiliários e FIP’s, com uma pequena parcela em renda fixa para aproveitar oportunidades pontuais. Mas essa alocação