Felipe Tadewald
@felipetd
Especialista em investimentos da Suno Research.
Olá Geovani, tudo bem? Como não sabemos do futuro, e nem temos a pretensão de prevê-lo, o ideal é manter os aportes normalmente, e os reinvestimentos de dividendos, mas sempre direcionando uma parcela dos recursos para renda fixa, justamente para ter uma reserva para momentos de estresse.
Abs
Olá Guilherme, tudo bem?
Sem dúvidas os Fundos Imobiliários são bons para construção de patrimônio e obtenção de rentabilidade, já que a distribuição de rendimentos mensais e constantes, permite ao investidor realizar reinvestimentos com recorrência, possibilitando o efeito dos juros compostos.
Além disso, como os imóveis e terrenos tendem a se valorizar no longo prazo, a tendência é que ocorra uma valorização das cotas no longo prazo, e como a economia também tende a crescer, junto de uma procura maior por espaços logísticos e escritórios, por exemplo, os valores dos aluguéis também apresentam uma tendência de crescimento no longo prazo, fazendo com que os fundos paguem dividendos maiores e crescentes.
Outro ponto interessante é que os FIIs possuem uma estrutura pouco onerosa, ao contrário de empresas, que geralmente possuem muitos funcionários, despesas administrativas e elevada necessidade de capital, o que faz com que os fundos imobiliários apresentem uma grande geração de caixa ao investidor, e pouco desse dinheiro se “perca” no caminho.
Vale destacar que até aqui, historicamente, apesar de ser um histórico ainda pequeno, o IFIX apresentou uma performance bastante superior que a do Ibovespa. Isso é uma garantia de que essa performance permanecerá assim? Não. Mas é sem dúvidas um indicativo de que os Fundos Imobiliários são instrumentos rentáveis e interessantes numa carteira de longo prazo.
Nós gostamos de setores perenes, menos cíclicos e menos expostos a mudanças drásticas, que são essenciais para toda uma sociedade, como por exemplo: Setor de seguros, financeiro, energia elétrica, alimentação, dentre outros.
Setores a serem evitados são aqueles muito vulneráveis a mudanças, bastante cíclicos ou que historicamente apresentam riscos elevados (muitas empresas falidas), como por exemplo, os setores de aviação, siderurgia, mineração, varejo, turismo, têxtil…
Sem dúvidas. Fundos imobiliários também fazem total sentido numa carteira previdenciária que está em fase de formação.
Isso porque os fundos imobiliários entregam retornos atrativos (historicamente, superiores ao Ibovespa), com menos volatilidade, e pagamentos de dividendos mensais na conta do investidor, sendo um instrumento muito interessante para quem deseja gerar renda e fortalecer o efeito do reinvestimento dos dividendos.
Uma carteira previdenciária ideal, na minha visão, deve ter boas empresas, de vários segmentos e bons fundos imobiliários, também de segmentos variados.
Com fundos imobiliários em carteira, o investidor acrescenta potencial de rentabilidade, aumenta a renda passiva da carteira, e ainda reduz a volatilidade.
Apesar do preço da cota dos fiis realmente ser mais cara, de modo geral, vale lembrar que os Fundos Imobiliários podem ser comprados por unidade, ou seja, o mercado padrão de negociação dos fiis já é “fracionário”, sendo que o investidor pode comprar 1 cota de R$ 100,00 ou 10, sem a necessidade de um mercado fracionário, como nas ações.
A sugestão que eu deixo é que você escolha uma corretora barata, de preferência que dê isenção de corretagem dos fundos imobiliários, justamente para permitir o reinvestimento constante, ainda que de valores pequenos, para você acumular cada vez mais cotas e ver sua renda passiva crescer de maneira ininterrupta.
Nós avaliamos que investir em seguradoras é um bom negócio sim, Eduardo.
Isso porque existem muitas empresas deste segmento que operam com margens elevadas, entregam grande retorno sobre patrimônio, geram bastante caixa e pagam bons dividendos.
Ainda, essas empresas, por atuarem em um segmento subpenetrado, que ainda é muito pouco explorado no Brasil, em comparação com economias mais maduras, ou mesmo outros páises em desenvolvimento, conseguem entregar um crescimento bastante atrativo, acima do PIB, sem necessitarem de grandes desembolsos de capital, o permite que essas empresas cresçam, sem abrir mão de ótimos dividendos.
Para o investidor que deseja aliar elevada rentabilidade, crescimento a bons pagamentos de dividendos, o setor de seguros é essencial numa carteira previdenciária.
Em minha visão, fundos imobiliários que investem em recebíveis, os chamados “fundos de papel” são essenciais numa carteira previdenciária, visto que entregam ao investidor retornos bastante atrativos, geralmente muito superiores ao CDI, e protegem o investidor “imediatamente” da inflação, gerando bastante caixa ao investidor em momentos de inflação alta, preservando seu poder de compra e permitindo que ele tenha caixa para adquirir novas cotas ou investir em outros ativos.
Geralmente em períodos de crise grande parte dos ativos de renda variável se desvalorizam e muitos fundos de tijolo e ações enfrentam problemas, tendo que reduzir dividendos, mas os fundos de papel, por outro lado, por entregarem rentabilidade indexada à inflação, além de se beneficiarem das taxas de juros (que geralmente estão mais altas em momentos de crise), costumam entregar retornos muito atrativos nesses períodos, servindo como uma espécie de hedge, para o investidor.
Na prática, o investidor que possui fundos de papel, tende a continuar obtendo uma rentabilidade atrativa mesmo em períodos de crise, e obtém um fluxo forte de renda passiva, permitindo que esse investidor aproveite a crise para investir da melhor forma que julgar.
Ainda, hoje, apesar do cenário de juros baixos, é possível encontrar fundos de recebíveis que possuem carteiras com prêmios de mais de 7% ou 8% acima da inflação, o que por si só, já representa mais que a média histórica de rentabilidade entregue pelo Ibovespa até aqui.
E como os rendimentos são isentos de imposto de renda, a rentabilidade líquida acaba sendo bastante atrativa, e muito superior a NTN-B, por exemplo, que é tributada, e também não paga dividendos mensais.
O fato deles pagarem dividendos mensais e isentos também é um ponto muito forte a favor, já que permite um efeito robusto dos “juros compostos”, com o investidor reinvestindo os dividendos com uma maior frequência, e por serem isentos de imposto de renda, garantem uma rentabilidade mais atrativa que outros ativos, de modo geral.
Além disso, o fato desses fundos serem bastante diversificados, e possuírem garantias robustas, de uma maneira geral, sendo estruturas bem “amarradas”, é outro ponto que me conforta, já que em um caso extremo de inadimplência de algum devedor, o fundo como proprietário do CRI pode executar os imóveis cedidos em garantia ou mesmo fianças e outros ativos que servem como garantia na operação, podendo liquidar os ativos e retornando os recursos ao fundo.
Na prática, eu avalio que todo investidor deveria ter uma parcela de fundos de papel em sua carteira, já que estes fundos entregam retornos elevados, protegem o capital do investidor da inflação imediatamente, entregam uma grande rentabilidade nominal em períodos turbulentos e são menos voláteis que outros ativos de renda variável.
Nós damos preferência ao ativo que negocia com maior desconto, e que paga mais dividendos (geralmente também o mais descontado). Tendo 100% de tag along, que garante uma boa proteção ao minoritário, nós não vemos problema no investidor possuir apenas ações PN.
Obviamente que, se as ON estiverem sendo negociadas com maior desconto, também não vemos problemas do investidor optar pelas ordinárias.
O importante é o investidor adquirir ativos de boas empresas e acumular para o longo prazo, e acreditamos que essa questão de optar por ON em detrimento da PN faz pouco sentido, na maioria dos casos.
Nós entendemos que o país deverá, de fato, de uma maneira geral, crescer menos daqui para frente, porém, isso não inviabiliza o Buy and Hold ou o torna menos atrativo.
Escolhendo boas empresas, em setores perenes, que possuem um bom potencial de crescimento, e que também pagam bons dividendos, nós vemos que a estratégia de comprar e segurar continuará fazendo muito sentido.
Além disso, nós entendemos que ainda existem segmentos bastante subpenetrados, que continuarão entregando crescimento bem acima do PIB e que também não dependem tanto de crescimento demográfico.
Ou seja, apesar da atividade econômica de um modo geral possivelmente crescer menos nos próximos 20-30 anos, por conta de uma consolidação da nossa economia, menor crescimento demográfico, isso não impedirá, na nossa visão, que muitas empresas apresentem crescimento bastante superior ao PIB.
É importante também ter em mente que o Brasil é ainda um país de grande desigualdade, e com uma renda per capita baixa, e um grande número de pessoas em condições de pobreza, que naturalmente, têm o seu consumo limitado. À medida que o nosso país evolua, gerando mais emprego, e atraindo investimentos, também desburocratizando a economia e o sistema, vemos que muitas dessas pessoas que hoje vivem em condição de pobreza terão um consumo “destravado”, o que tende também a compensar a expectativa de menor crescimento demográfico.
Historicamente, os fundos de Shoppings entregaram retornos maiores, como PQDP11, SHPH11, HGBS11, dentre outros. O fato dos fundos de Shoppings se beneficiarem não apenas da valorização do imóvel e majoração dos aluguéis, mas também do crescimento das vendas no longo prazo, que são pagas pelos lojistas, faz com que esse perfil de investimento seja bastante interessante para quem busca não apenas o investimento imobiliário, mas uma boa exposição ao segmento de Shoppings (que cresce historicamente bem acima do PIB) e ao crescimento econômico.
Mas isso não é uma garantia de que os Shoppings continuarão performando melhor. Além disso, gostamos também de fundos de logística, e acreditamos que, conforme a economia se recupere, a demanda por galpões logísticos volte a aumentar e com isso, os aluguéis também sejam majorados, bem como a vacância reduzida.
Para resumir, a nossa sugestão é que você tenha ativos de ambos os setores.
Não necessariamente, amigo. Apesar dos rendimentos e rentabilidades acumuladas no longo prazo serem expressivamente maiores, conforme suas ações e fiis se valorizem, e paguem dividendos, você já estará obtendo retorno desde já, à medida que o patrimônio aumenta e sua renda passiva também.
Porém, é inegável que no longo prazo (15-20 anos) é onde você acumulará o retorno mais expressivo, à medida que os reinvestimentos de dividendos são feitos e a “bola de neve” cresce.
Nós avaliamos que o segmento bancário e financeiro em geral é sim um setor perene e de elevada rentabilidade. No entanto, diversificação setorial na carteira sempre faz sentido, e por isso, é interessante você buscar também empresas de outros segmentos, assim como fundos imobiliários.
Por mais que o setor financeiro seja perene e consolidado, uma concorrência mais acirrada no futuro, por conta de fintechs e bancos digitais, pode acabar comprometendo parcialmente a rentabilidade dos grandes players, e por isso, diversificar sempre será a melhor opção.
Não necessariamente apenas bluechips, mas nós somos à favor do investidor ter uma quantidade “esmagadora” de boas empresas, ou seja, empresas sólidas, de elevadas métricas de rentabilidade, grande geração de caixa, endividamento controlado, e que pagam dividendos.
Existem muitas empresas small caps ou simplesmente menos líquidas que são muito boas e apresentam um balanço sólido, e nós avaliamos que não seja interessante deixá-las de fora, até porque essas empresas tendem a entregar um retorno maior no longo prazo.
Sim, é possível, e para isso você simplesmente terá de estruturar uma carteira diversificada com várias ações que pagam em meses diferentes, e também fundos imobiliários, que pagam mensalmente.
Já escrevemos a respeito dessa estratégia no passado, e sugiro a leitura desse nosso artigo, que sem dúvidas irá lhe auxiliar a estruturar uma carteira com renda mensal:
Parabéns pela decisão de investir diretamente em ações e FIIs, eu não tenho dúvidas de que é uma decisão acertada, visto que fundos costumam cobrar taxas de administração elevadas, e não possuem isenção tributária, como é o caso dos rendimentos dos FIIs, dos dividendos das ações e da venda das ações até R$ 20k mensais.
Além disso, você fica dependente da decisão de gestores, que pode muitas vezes não ser a mais adequada, e o fundo pode se expor a ativos de empresas ruins, elevando o risco do investimento drasticamente.
Em minha avaliação, o ideal seria você liquidar sua posição nesses ativos e ir migrando “aos poucos” para a renda variável, sempre se focando nas melhores oportunidades, e claro, ajustando a carteira ao seu perfil.
Em minha visão, em torno de pelo menos 10% a 15% é um percentual interessante para manter em renda fixa de olho nas oportunidades e cenários de crises. Por que não muito mais? Simplesmente pelo fato de que concentrar grande parte do patrimônio em renda fixa, especialmente nesses momentos, com juros muito baixos, pode fazer com que o investidor acabe perdendo muitas oportunidades em renda variável.
Lembre-se que as oportunidades surgem com frequência, e por mais que uma crise não esteja instalada, quase sempre teremos ativos baratos disponíveis para comprarmos.