Ações

@tafuri em 05/06/2019

Como saber o momento de vender ações?

Quando saber se uma alta na valorização é apenas efeito passageiro?

1 Resposta

@alberto em 05/06/2019

Mais votada

O grande lema do mercado de ações é: “compre na baixa e venda na alta”.

 

Esta frase pode fazer sentido, mas não nos dá uma direção bem estabelecida, de modo que o investidor iniciante pode ficar confuso, afinal, o que é alta e o que é baixa?

 

Há uma frase de Buffett, na qual ele diz que “preço é o que você paga, valor é o que você leva”. Este pensamento de Warren Buffett é a explicação mais sutil possível acerca da diferença entre preço e valor. Deste modo, podemos dizer que “comprar na baixa e vender na alta” é o mesmo que “comprar barato e vender caro”. Porém, isso ainda carece de melhores esclarecimentos.

 

Para o bom entendimento do conceito de valor no âmbito do mercado de ações, assim como trazido pelo Oráculo de Omaha em sua fala, citada acima, é necessário estar ciente do conceito de valor intrínseco.

 

Os investidores de valor possuem como uma das premissas mais básicas a intenção de comprar ativos abaixo do seu valor intrínseco. Isso pode ser entendido como “comprar barato”.

 

Já no que diz respeito à parte da venda, na minha visão de investimentos, acredito que esta deve ser realizada, geralmente, sob três circunstâncias:

 

  1. Surgimento de melhores oportunidades;
  2. Preço sobrevalorizado e valuation caro, diminuindo a margem de segurança e reduzindo a capacidade de entrega de bons dividendos; e
  3. Perda de fundamentos e deterioração.

 

A segunda circunstância é justamente “vender caro”, isto é, acima do valor intrínseco, num patamar que há vantagens significativas em realizar o lucro.

 

Neste ponto, eventualmente nos questionaremos sobre qual é o real valor de uma empresa ou ação, isto é, seu valor intrínseco. Não é suficiente realizar um investimento com base numa boa ideia, ou na crença de ser um bom negócio, é preciso comprá-lo a um preço justo.

 

O valor intrínseco não é uma informação conhecida, de modo que cabe ao investidor analisar uma série de fatores “fundamentais” e como eles influenciam na capacidade da companhia de gerar lucros e caixa. No caso do investimento em valor, geralmente se dá ênfase aos fatores tangíveis, incluindo o fluxo de caixa.

 

Após realizar a estimativa do valor intrínseco com base nas premissas consideradas, o investidor deve operar com margem de segurança, para proteger o investimento de eventuais erros em sua estimativa. Além disso, segundo Benjamin Graham, o potencial de retorno é maior quando se realiza um investimento adotando grandes margens de segurança.

 

Diante de uma estimativa do valor intrínseco, é necessário comprar o ativo no preço certo, mas para isso, é preciso saber em que os preços se baseiam.

 

No longo prazo, o preço tende a oscilar em torno do valor intrínseco, se referindo à capacidade da companhia de utilizar o capital dos acionistas para gerar retorno.

 

Já no curto prazo, os preços são amplamente afetados por diversos fatores “não-fundamentais” (não relacionados aos fundamentos da empresa). Dentre estes fatores, podemos destacar o psicológico, que é capaz de gerar flutuações suficientes para que bolhas econômicas sejam estabelecidas, levando o preço a patamares que se desconectam do valor.

 

Os fatores psicológicos influenciam as atitudes de outros investidores, consequentemente, influenciando as nossas próprias atitudes. Por isso, é importante buscar entender a “psicologia do mercado”, além de tentar manter nosso próprio psicológico alinhado com os fatores fundamentais durante as tomadas de decisão, evitando armadilhas psicológicas que comprometem o desempenho do investidor.

 

Por fim, aproveito para ressaltar a importância de estar ciente de que comprar barato não é garantia de um bom investimento. Eventualmente, os investidores podem se enganar sobre o valor intrínseco de uma companhia, eventos externos podem reduzir seu valor, ou também, o preço pode permanecer por longos períodos sem convergir para o valor. Além disso, deve-se analisar caso a caso, ainda que se observe um grande desconto no preço em relação ao valor intrínseco.

 

Segundo Howard Marks: “Tentar comprar um ativo por preços abaixo do valor intrínseco não é infalível, mas é a melhor chance que se pode ter”.

 

Valor pode ser crítico, mas não tem sentido sem a perspectiva de preço.

  • @alberto em 05/06/2019

    O grande lema do mercado de ações é: “compre na baixa e venda na alta”.

     

    Esta frase pode fazer sentido, mas não nos dá uma direção bem estabelecida, de modo que o investidor iniciante pode ficar confuso, afinal, o que é alta e o que é baixa?

     

    Há uma frase de Buffett, na qual ele diz que “preço é o que você paga, valor é o que você leva”. Este pensamento de Warren Buffett é a explicação mais sutil possível acerca da diferença entre preço e valor. Deste modo, podemos dizer que “comprar na baixa e vender na alta” é o mesmo que “comprar barato e vender caro”. Porém, isso ainda carece de melhores esclarecimentos.

     

    Para o bom entendimento do conceito de valor no âmbito do mercado de ações, assim como trazido pelo Oráculo de Omaha em sua fala, citada acima, é necessário estar ciente do conceito de valor intrínseco.

     

    Os investidores de valor possuem como uma das premissas mais básicas a intenção de comprar ativos abaixo do seu valor intrínseco. Isso pode ser entendido como “comprar barato”.

     

    Já no que diz respeito à parte da venda, na minha visão de investimentos, acredito que esta deve ser realizada, geralmente, sob três circunstâncias:

     

    1. Surgimento de melhores oportunidades;
    2. Preço sobrevalorizado e valuation caro, diminuindo a margem de segurança e reduzindo a capacidade de entrega de bons dividendos; e
    3. Perda de fundamentos e deterioração.

     

    A segunda circunstância é justamente “vender caro”, isto é, acima do valor intrínseco, num patamar que há vantagens significativas em realizar o lucro.

     

    Neste ponto, eventualmente nos questionaremos sobre qual é o real valor de uma empresa ou ação, isto é, seu valor intrínseco. Não é suficiente realizar um investimento com base numa boa ideia, ou na crença de ser um bom negócio, é preciso comprá-lo a um preço justo.

     

    O valor intrínseco não é uma informação conhecida, de modo que cabe ao investidor analisar uma série de fatores “fundamentais” e como eles influenciam na capacidade da companhia de gerar lucros e caixa. No caso do investimento em valor, geralmente se dá ênfase aos fatores tangíveis, incluindo o fluxo de caixa.

     

    Após realizar a estimativa do valor intrínseco com base nas premissas consideradas, o investidor deve operar com margem de segurança, para proteger o investimento de eventuais erros em sua estimativa. Além disso, segundo Benjamin Graham, o potencial de retorno é maior quando se realiza um investimento adotando grandes margens de segurança.

     

    Diante de uma estimativa do valor intrínseco, é necessário comprar o ativo no preço certo, mas para isso, é preciso saber em que os preços se baseiam.

     

    No longo prazo, o preço tende a oscilar em torno do valor intrínseco, se referindo à capacidade da companhia de utilizar o capital dos acionistas para gerar retorno.

     

    Já no curto prazo, os preços são amplamente afetados por diversos fatores “não-fundamentais” (não relacionados aos fundamentos da empresa). Dentre estes fatores, podemos destacar o psicológico, que é capaz de gerar flutuações suficientes para que bolhas econômicas sejam estabelecidas, levando o preço a patamares que se desconectam do valor.

     

    Os fatores psicológicos influenciam as atitudes de outros investidores, consequentemente, influenciando as nossas próprias atitudes. Por isso, é importante buscar entender a “psicologia do mercado”, além de tentar manter nosso próprio psicológico alinhado com os fatores fundamentais durante as tomadas de decisão, evitando armadilhas psicológicas que comprometem o desempenho do investidor.

     

    Por fim, aproveito para ressaltar a importância de estar ciente de que comprar barato não é garantia de um bom investimento. Eventualmente, os investidores podem se enganar sobre o valor intrínseco de uma companhia, eventos externos podem reduzir seu valor, ou também, o preço pode permanecer por longos períodos sem convergir para o valor. Além disso, deve-se analisar caso a caso, ainda que se observe um grande desconto no preço em relação ao valor intrínseco.

     

    Segundo Howard Marks: “Tentar comprar um ativo por preços abaixo do valor intrínseco não é infalível, mas é a melhor chance que se pode ter”.

     

    Valor pode ser crítico, mas não tem sentido sem a perspectiva de preço.

  • jun 2019
  • 05 jun
  • jun 2019