Ações
Sou assinante Suno Internacional, e muitas das ações recomendadas estão bastante descontadas com relação ao preço teto, porém o valor do dólar em si está bem alto. Nessa balança, está valendo a pena aportar no exterior ou aguardar uma queda do dolar?
3 Respostas
Devemos ter em mente que é impossível prever aspectos macroeconômicos, como as futuras variações do dólar. Um investidor de valor busca empresas descontadas com relação ao seu valor intrínseco, com foco no longo prazo, comprando evidências e não dependendo de especulações. Como diria Warren Buffett:
“Ninguém compra uma fazenda pensando se vai chover no ano que vem, compram pois pensam que é um bom investimento para os próximos 10 ou 20 anos. Para ações, que são parcelas de empresas, vale a mesma coisa. Se você não pensa em segurar suas ações por 10 anos, não deveria pensar em segura-las nem por 10 minutos”.
Eu acredito que a melhor abordagem é estar sempre exposto em moeda forte (Estados Unidos) e mercados emergentes (Brasil), e você vai variando a sua exposição com relação à qual mercado apresenta as melhores oportunidades, com os maiores descontos.
Dessa forma você fica protegido de crises hiper-inflacionárias, comuns em economias emergentes (Argentina, Venezuela, Brasil na época do plano Collor, etc).
Também, você minimiza a sua volatilidade diversificando entre mercados, pois as bolsas Brasileiras e Americanas normalmente são antagônicas. Apesar da volatilidade não ser um problema para aquele que sabe o que está fazendo, minimizá-la é um mecanismo de auto proteção recomendável para o investidor.
Tenha em mente que se você ficar especulando que o dólar vai voltar à patamares passados com relação ao real, você pode acabar perdendo oportunidades de comprar bons ativos descontados, e o dólar pode nunca chegar na cotação que você espera. Você pode ficar mais exposto ao mercado brasileiro se julga que o dólar está caro, mas como o foco é no longo prazo, não se abstenha de comprar boas empresas.
Lembre que a inflação nos Estados Unidos é mais baixa que a brasileira, portanto no longo prazo a tendência é de que o dólar se aprecie cada vez mais com relação ao real.
Existem ativos que não estão supervalorizados com relação à sua perspectiva futura, e configuram oportunidades de investimento em moeda forte, que gerarão retornos consistentes no longo prazo, e que vão blindar o seu portfólio.
Para dar um pequeno exemplo, a Apple é uma empresa com taxa de crescimento anual (CAGR) de seu lucro por ação de 27% ao ano nos últimos 10 anos, e está sendo negociada esses dias a 13x o lucro.
Isso sem você ajustar pelo caixa, que é de quase US$70 bilhões de dólares. Se você retirar esse caixa o múltiplo fica ainda mais atrativo. Warren Buffett tem mais de 5% da empresa atualmente e mantêm suas posições independentemente do ciclo do crédito.
Existem outros exemplos como Google, Berkshire Hathaway, BlackRock e Facebook, para começar. Sugiro que você leia os relatórios dessas empresas, pois vale a pena analisa-las para a próxima década.
Resumindo, eu não deixaria de comprar empresas excelentes a bons preços por causa de uma especulação de câmbio, mas você não precisa aportar todo o seu capital em empresas internacionais se acredita que o dólar vai cair, enquanto existem opções interessantes no Brasil. Diversifique e tenha foco no longo prazo.
- dez 2018
- 24 dez
- jan 2019