Essa é uma questão interessante. Infelizmente, é impossível saber com exatidão como a taxa de juros vai se comportar no futuro. O conhecimento comum parece ser o de que, de fato, temos tudo para vivermos vários anos com taxas de juro historicamente baixas. Nesse contexto, não haveria grande perda em aplicar em títulos de renda fixa com liquidez apenas no vencimento no momento atual.
A minha sugestão é que você não se preocupe tanto com isso no momento, especialmente considerando que você pode fazer aportes mensais. Aplique todo mês nos títulos que lhe parecerem mais interessantes e você vai diluindo essas incertezas ao longo do tempo.
Só uma sugestão de cautela: para um perfil moderado, 60% de renda variável me parece excessivo. Se você ainda não tem uma exposição em renda variável, talvez seja bom começar com um pouco menos e aumentar o valor em reserva. À medida que o tempo for passando, avalie a sua tolerância à volatilidade e ajuste o percentual de acordo. Boa sorte!
A sua observação está correta: o valuation é subjetivo. Isso significa que é preciso ter muito cuidado, e ser conservador nas premissas utilizadas, para evitar um resultado excessivamente otimista. Além disso, para isso existe o conceito de margem de segurança: o ideal é você tentar comprar empresas que estejam consideravelmente abaixo do valor que você acredita que elas valem. Isso vai dar uma margem maior para que, mesmo com uma avaliação imprecisa, você ainda possa ganhar dinheiro.
As estimativas quanto ao futuro são feitas tanto em base quantitativa quanto qualitativa: o histórico da empresa deve ser levado em conta, mas também devem ser levados em conta fatores como o setor em que ela se encontra e suas possíveis disrupções, qualidade da equipe de gestão, vantagens competitivas, barreira de entrada, etc.
Mesmo com um valuation realizado com cuidado, e mesmo comprando com margem de segurança, as coisas ainda podem dar errado, claro. Por isso, é importante ter uma carteira diversificada.
O valuation é uma ferramenta importantíssima, mas não é perfeita. De qualquer forma, ainda julgo ser a melhor maneira de tentar encontrar boas empresas a preços interessantes. “É melhor estar aproximadamente certo do que completamente errado.”
Quanto ao “monkey stocks”, é preciso ressaltar que o mercado é irracional no curto prazo. As boas ideias de investimento podem levar anos para se concretizar. Você pode encontrar carteiras aleatórias que ganhem do mercado em um período curto, como alguns meses ou até poucos anos, mas vai ser muito difícil encontrar alguma que derrote o mercado (e, mais ainda, uma carteira selecionada de bons ativos) no longo prazo.
Significa que agora a empresa vai passar a possuir menos ações do que anteriormente. Isso não muda nada na quantidade de ações que você possui, mas faz com que o seu percentual de participação na empresa aumente. Por isso, é uma coisa positiva para quem detém ações da empresa.
O Investidor Inteligente é o clássico maior na área. Apesar do Benjamin Graham não ser um adepto do investimento de longuíssimo prazo, ele vai te ajudar a entender o conceito de tentar comprar empresas baratas (ou, no mínimo, a preços razoáveis) que vai te ajudar a pensar no longo prazo.
O Jeito Warren Buffett de Investir é um ótimo livro para entender a filosofia do Buffett, que já incorpora um pensamento de longo prazo maior.
Saindo do foco de investimentos e indo mais para o mindset em si, uma recomendação imperdível é Pai Rico, Pai Pobre.
Respondi uma pergunta similar recentemente:
Há quem tenha receio pelo fato dos mercados americanos estarem próximos das altas históricas. Dito isso, ainda existem boas oportunidades em empresas americanas e, especialmente para quem ainda não está exposto a esse mercado, julgo que seja um momento adequado para começar.
Há quem tenha receio pelo fato dos mercados americanos estarem próximos das altas históricas. Dito isso, ainda existem boas oportunidades em empresas americanas e, especialmente para quem ainda não está exposto a esse mercado, julgo que seja um momento adequado para começar.
Não acho, inclusive pode ser um bom sinal de que o investidor está preocupado em tentar evitar pagar caro demais. De qualquer forma, é preciso ter cuidado para não deixar de investir apenas por conta de uma alta recente. Se o investidor ainda achar que a empresa configura uma boa oportunidade nos momentos atuais, não há problema em aportar mesmo nessa situação.
Para vender no fracionário, use o código BIDI11F.
Sem dúvida, existem boas empresas que se encaixam nessa categoria e podem fazer parte de uma carteira de ações.
Não, mas uma empresa com P/L alto normalmente indica que existe um otimismo do mercado com relação a seus lucros futuros. Isso pode acontecer tanto por conta de um histórico de crescimento que o mercado acredita que continuará a se repetir (como no caso de LREN, RADL, entre outras) ou por uma confiança exarcebada no case específico, seja pelo projeto da diretoria ou pelo setor em que se encontra (como BIDI, que é negociado a múltiplos altos pela crença nos ganhos que pode obter com a disrupção do setor financeiro).
Um bom indicador a se considerar é o PEG Ratio, que é obtido ao dividir o P/L da empresa pela sua taxa de crescimento. Em teoria, um PEG Ratio de 1 indicaria uma empresa bem precificada. Quando está acima de 1, o PEG Ratio indica uma precificação acima do esperado. É claro que, como qualquer outro indicador, ele não deve ser usado de maneira isolada, mas pode servir como um bom auxiliar na análise da empresa.
O que você absolutamente NÃO deve fazer em um bear market é se desfazer de suas posições em boas empresas apenas por conta da queda de preço. Nessas horas, o importante é ter calma e paciência. Como o amigo Rafael falou, esse costuma ser um bom momento para fazer compras. Tenha cuidado para não usar toda a sua reserva muito cedo, pois o mercado pode permanecer em queda por um período maior do que imaginamos. Aos poucos, vá aumentando a sua posição em boas empresas aproveitando os descontos que o mercado te oferecer, e assim você conseguirá utilizar o bear market como uma forma de fortalecer a sua carteira para o longo prazo.
Em termos qualitativos, isso exige um cuidado ainda maior na hora da análise da empresa, com a preocupação de entender como ela se comportou durante crises diversas no passado. Em termos quantitativos, isso se reflete na taxa de desconto na hora de calcular o valuation. O Brasil já possui, naturalmente, uma taxa de desconto maior do que a de muitos países desenvolvidos por conta da sua taxa de juros. Se você tiver uma preocupação ainda maior, pode aumentar essa taxa de desconto para exigir maior margem de segurança em seus investimentos.
Existem investidores que possuem uma abordagem “top down”, do macro para o micro, e nesse caso é importante ter um conhecimento maior sobre o assunto. A maioria dos grandes investidores, porém, parecem seguir mais a abordagem “bottom up”, onde preferem focar no micro, nas empresas em si e seus negócios, em vez de tentarem agir de acordo com previsões macroeconômicas.
Na minha opinião, é útil ter algumas noções básicas, como o funcionamento do PIB, os setores da economia e suas relações, pois isso pode ajudar nas avaliações, mas eu sugiro que você dedique maior parte do seu tempo a entender as empresas em si, pois isso provavelmente vai te dar uma chance maior de obter sucesso em seus investimentos.
Eu acho que todo investidor deveria pensar em ter pelo menos uma parte de sua carteira em investimentos no exterior, por uma questão de diversificação. Dito isso, a minha sugestão é que comece com os ativos locais, pois em geral é mais fácil que o investidor conheça e consiga adquirir informação sobre os mesmos. De fato o Brasil tem muitas incertezas, mas como investidor você vai começar a perceber que essas incertezas podem ser geradoras de ótimas oportunidades.
Mais do que apenas olhar o Ibovespa, eu gosto de olhar para as empresas em geral. Sob essa ótica, eu acho que existem muitas boas oportunidades na bolsa atualmente.