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O seu pensamento está corretíssimo e acredito que serve tanto para o investidor em dividendos quanto para o investidor fundamentalista em geral, pelo menos durante o período em que há interesse em aumentar posição na empresa. O próprio Warren Buffett fala que quando começa a comprar ações de uma empresa prefere que o valor delas se mantenha ou até caia para que ele possa comprar ainda mais barato. A questão é que a maioria das pessoas que investem em bolsa acaba não tendo essa visão, e por isso ocorre tanta euforia com a subida dos papéis.

O PEG foi criado por Peter Lynch com a intenção de levar em conta o crescimento dos lucros da empresa. Segundo o mesmo, ele prefere comprar uma empresa com P/L 20 crescendo a 20% por ano do que uma empresa com P/L 10 crescendo a 10% por ano. Eu considero uma métrica muito interessante mas é preciso ter cuidado e entender que não há garantias de que o crescimento de determinada empresa vai se manter ao longo do tempo.

Dando meu testemunho pessoal, tenho usado a Modalmais há alguns meses e estou muito satisfeito. A corretagem é uma das menores do mercado e até hoje não tive nenhum problema. O home broker é bem simples mas como invisto de forma fundamentalista não sinto falta de gráficos mais complexos.

Os dividendos são reinvestidos automaticamente nos ETFs.

Eu fiz recentemente o processo (da Easynvest para a Modal) e foi bem tranquilo. Peguei um documento padrão no próprio site da Easynvest, preenchi e mandei pelos Correios. Em 3 dias úteis o processo foi finalizado e já estava com as ações custodiadas na Modal. O único lado chato é ter que reconhecer firma em cartório, mas tirando isso não tive problema algum.

Acho que tudo depende do custo e usabilidade da corretora. Se o seu foco for apenas gastar o menos possível com corretagem, acho que faz sentido utilizar a mais barata que encontrar para ações e a mais barata para FIIs (há corretoras que não cobram corretagem de FIIs, inclusive). Caso a diferença seja muito pouca e você prefira usar apenas uma corretora, seja por preferir o sistema da mesma ou só por simplificação, também é válido.

Existem 2 questões fundamentais:

1. Esse dinheiro no TD Selic é investimento ou reserva de segurança? Se for reserva, mantenha no TD.
2. Por mais que FIIs possuam, em geral, volatilidade menor do que ações, não deixam de ser renda variável. Portanto, é importante que você possua um horizonte de longo prazo ao investir nessa classe de ativos.

Caso tenha a capacidade de manter esse dinheiro investido por um horizonte maior de tempo e já possua reserva de segurança, acredito que FIIs sejam uma opção mais atraente e interessante para aplicar o dinheiro.

Não há ninguém que supere Warren Buffett em minha opinião. É muito fácil falar dele pois é o mais conhecido e que obteve melhores retornos, mas se você voltar no tempo e ver o que ele falava nas décadas de 1960 e 1970,  muito antes de se tornar um bilionário, é fácil perceber como ele já tinha todas as ideias corretas para obter sucesso no mercado. Também acho impressionante a sua capacidade de adaptação ao longo do tempo. Buffett iniciou como um seguidor puro de Benjamin Graham, focado no value investing original, buscando apenas barganhas sem tanta preocupação com a qualidade intrínseca do negócio. Após algum tempo (e com a ajuda de Philip Fisher e Charlie Munger, outros investidores admiráveis), começou a investir com muito sucesso no buy & hold tradicional como vemos hoje: com foco em ótimas empresas que possuam vantagens competitivas duradouras. Mais à frente, depois que já tinha mais capital disponível, percebeu o grande valor de comprar empresas integralmente, agregando enorme valor à sua holding, mas sempre deixando claro que busca alocar capital da maneira mais eficiente, seja no mercado de ações ou fora dele.

Fazendo um cálculo simples, se você investir 1000 reais por mês ao longo de 20 anos com retorno de cerca de 1% ao mês (o que eu considero viável e talvez até conservador para o investidor fundamentalista no longo prazo), você terá cerca de 1 milhão de reais no final do período. O interessante é que a medida que o tempo for passando o poder dos juros compostos vai fazer cada vez mais diferença. Se estendermos este prazo para 30 anos, você já teria quase 3,5 milhões de reais.

Eu acredito que não há maneira melhor de se programar para a aposentadoria do que com aportes periódicos e disciplinados em ações, portanto o plano é ótimo. Se conseguir aumentar o valor dos aportes ao longo do tempo, melhor ainda!

Acredito que existem dois componentes principais que levam ao sucesso como investidor: o conhecimento técnico e a inteligência emocional.  A minha recomendação para qualquer pessoa que queira investir pensando no longo prazo é de buscar aprimoramento nestas duas áreas.

1. Com relação ao conhecimento técnico, é importante compreender qualquer ativo no qual deseja-se investir, seja ele de renda variável ou não. Esse conhecimento é adquirido através de estudo e dedicação. É interessante que muitas pessoas acham que podem obter sucesso nos investimentos sem esforço, e isso é completamente irreal. O Luiz Barsi deu uma declaração interessante com relação a isso: “Um dia um rapaz que era médico me perguntou: ‘Como eu faço para investir?’ Eu respondi: ‘Você consegue me passar em 15 minutos todo o conhecimento que você adquiriu ao longo da sua carreira como médico?’. Ele respondeu que não seria possível. O mesmo se aplica a investir em ações. Não é possível aprender em apenas 15 minutos o conhecimento necessário para ser bem sucedido ao investir em ações.”
2. A inteligência emocional acredito que seja o fator mais negligenciado por muitos investidores. Não adianta ter todo o conhecimento do mundo sobre ações se você vai se desesperar na primeira queda mais forte e vender tudo. O ser humano muitas vezes é traído pela mente e eu acredito que esse fator é tão fundamental no sucesso como investidor quanto qualquer outro. Mais especificamente, recomendo que o aspirante a investidor estude um pouco sobre economia comportamental. Um livro fantástico que trata do assunto é o “Rápido e Devagar: Duas Formas de Pensar”, do Daniel Kahneman. Este livro trata de diversos viéses, muitos deles aplicados diretamente ao campo das finanças, que podem levar a uma auto-sabotagem caso o indivíduo não se atente aos mesmos.

No mais, é importante ter paciência, disciplina e foco. Em um mundo que tanto venera e divulga a imagem do investidor como um especulador e do mercado de ações como um cassino, o caminho do investimento de longo prazo pode por vezes parecer um pouco solitário, mas não perca de vista os objetivos que o levaram a decidir se tornar um investidor e tenho certeza que irá alcançá-los. Boa sorte!

Se você consegue investir esses R$300 está em um ótimo caminho e já à frente da maior parte das pessoas. O importante é que saiba investir esse dinheiro com inteligência, e com certeza vai obter bons resultados no futuro. A minha única recomendação de cautela é com relação à taxa de corretagem caso vá investir em renda variável. Talvez seja melhor você juntar o dinheiro por 2 ou 3 meses em alguma renda fixa antes de fazer aportes em ações ou FIIs de forma a diluir o custo percentual da taxa com relação ao investimento total.

Tenho lido vários ótimos livros recentemente e é bem difícil escolher apenas 3, mas seguem os meus preferidos:

1. One Up on Wall Street (“O Jeito de Peter Lynch de Investir” em português) – O Peter Lynch é um dos melhores gestores de fundo de investimento em todos os tempos. O livro é de leitura bem agradável, conseguindo ser divertido e extremamente útil ao mesmo tempo.  O interessante do Peter Lynch é que ele é um investidor de valor, mas algumas de suas estratégias são um pouco não-intuitivas, como o fato de investir em uma quantidade bem maior de empresas do que o que costuma ser recomendado dentro dessa filosofia (apesar que ele deixa bem claro que um dos motivos para isso era o tamanho de seu fundo), além de gostar de empresas pequenas que possam se valorizar muitas vezes.
2. Berkshire Hathaway Letters to Shareholders – Este livro compila todas as cartas anuais escritas por Warren Buffett desde 1965 (o site da Berkshire Hathaway disponibiliza as cartas gratuitamente, mas apenas a partir de 1977). Apesar do Buffett nunca ter escrito um livro, ele proporcionou inúmeras lições nas cartas anuais. É impressionante ver a clareza que ele descrevia seus investimentos desde a década de 1960, ensinando passo-a-passo uma estratégia atemporal de investimentos que sem dúvida rendeu ótimos resultados para qualquer um que tenha a seguido em algum momento nos últimos 50 anos. Muitas das famosas frases de Buffett foram escritas ao longo dessas cartas. Sem dúvida um aprendizado incrível.
3. Investindo em Small Caps – Achei que seria prudente escolher um livro de autor brasileiro para a lista. Apesar do título, este livro serve como um compêndio geral de ensinamentos sobre análise fundamentalista que valem para empresas de qualquer porte. Uma ótima leitura!